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O mercado de trabalho passa por constantes transformações há várias décadas, acompanhando também as revoluções industriais. Todas estas evoluções trouxeram mudanças significativas, mas agora estamos vivenciando uma ruptura talvez nunca vista anteriormente.
Qual é este novo cenário, como os profissionais podem se adaptar e quais os desafios para os gestores de pessoas? Neste artigo vamos responder algumas destas questões e lhe apresentar qual o futuro do trabalho e, principalmente, como os líderes e os gestores de pessoas têm papel fundamental na orientação dos profissionais para que estejam preparados para este futuro.
1 – As mudanças e a tecnologia
A inovação de processos sempre afetou diretamente a vida dos profissionais. Se há cerca de 30 anos ainda havia profissionais que se dedicavam exclusivamente à digitação de telex, suas funções deixaram de existir com a chegada do fax, depois do e-mail, e mais recentemente pelo WhatsApp. Foram mudanças que vieram ao longo dos anos, de forma gradativa, assim como várias outras mudanças que ocorreram nas profissões ao longo das revoluções industriais anteriores.
A grande questão hoje é que estamos em uma época de mudanças rápidas e radicais. A palavra-chave deste momento é disruptivo, aquilo que rompe, que quebra os padrões anteriores e exige um novo mindset, um novo modo de pensar, de agir e se relacionar. Assim, o modo como trabalhamos também nunca mais será o mesmo.
A Era Digital já começou a invadir as nossas vidas há algumas décadas. Nomes que hoje fazem parte do nosso vocabulário corriqueiro do dia a dia como Facebook, LinkedIn, Youtube e WhatsApp foram criados há mais de dez anos e já estão internalizados pela maioria das pessoas. A internet tem bilhões de usuário no mundo todo e no Brasil está presente em cerca de 75% dos domicílios, conforme os dados mais recentes do IBGE.
Esta transformação digital está mudando como me comunico, me relaciono, compro, pesquiso, invisto, aprendo, peço serviços, como um transporte ou uma comida, e até como as pessoas namoram! A tela do celular deve ser a primeira coisa que muitos vêem quando acordam e a última antes de dormir!
As mudanças estão para todos os lados: carro autônomo, telemedicina, robôs enfermeiros, atendimento por chatbots. Vivemos em uma verdadeira sopa de letrinhas: como IA (Inteligência Artificial), Iot (Internet das Coisas), Genoma, 3D print, Quantum Computing, Big Data e Cloud Computing, entre outros.
Além de toda a tecnologia, existem diferentes fatores que impactam no futuro do trabalho. A biotecnologia, com materiais avançados, 3D para próteses, criação de tecidos e órgãos, agregam também à longevidade. As pessoas viverão muito mais e demandarão novas formas de produzir. Além disto, a rápida urbanização, mudanças climáticas e escassez de recursos naturais, aliados ao crescimento da volatilidade geopolítica, são fatores que impactam o futuro do trabalho, de acordo com o Fórum Econômico Mundial. Isto vai requerer um ambiente de trabalho mais flexível, atenção ao aumento das aspirações e do poder econômico das mulheres; e demanda maior por questões éticas e de privacidade. Ao usar a internet, você deixa um rastro que é usado para algumas empresas obterem muitas informações sobre você e, não só te oferecerem produtos e serviços, como muitas vezes até definirem o que você deve consumir. Até onde isto é ético e deve ser permitido?
2 – O que é relevante neste novo cenário
Em um mundo onde robôs e equipamentos operam com inteligência artificial, o que passa a ser então relevante para os profissionais? Temos que lembrar que robôs fazem atividades repetitivas, fazem cálculos e análises com base em algorítmos. As máquinas podem sim fazer muitas coisas, mas elas fazem aquilo para que são programadas, preparadas, com base em automações, que geram processos repetitivos.
Por conta desta transformação digital, muitas profissões já foram reconfiguradas e ressignificadas. Passaram a ser feitas por robots, bots, ou chatbots. Até mesmo profissões menos operacionais já começam a ser afetadas. Estima-se que 70% das atividades de um advogado pode ser feita por inteligência artificial. Já reparou que você vai conversar com seu gerente de banco muito menos do que ia há dois anos, pois quase tudo pode ser feito pela internet? A telemedicina, já aprovada no Brasil, vai mexer com a frequência nos consultórios médicos. Somente a bolsa de valores de Nova York desligou mais de 100 mil funcionários de 2012 para cá, que foram substituídos por robôs, e isto representava 30% da força de trabalho deles.
Carros autônomos já circulam por cidades como Phoenix, nos Estados Unidos, drones já ensaiam entrega de comida. A Zaitt, loja de conveniência sem nenhum atendente humano, já está presente no Brasil, em Vitória e São Paulo.
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Mas temos que saber que um lanche de uma rede mundial de fastfood pode ser automatizado, um prato feito por um chef não pode. Informações turísticas podem ser passadas por um robô, mas a vivência humana do guia não.
3 – Em que profissões então devemos apostar?
Em um mundo onde robôs conseguem realizar tantas atividades com perfeição, o caminho para os profissionais é apostar naquilo que as máquinas não conseguem ter: as qualidades humanas, a inteligência emocional, que nos permite ter criatividade, pensamento crítico, empatia, capacidade de resolver problemas e ética. São habilidades humanas que não podem ser automatizadas.
Somos melhores que as máquinas e devemos ensinar: valores, crenças, trabalho em equipe, cuidado com o outro e o pensamento independente. Se as máquinas podem fazer melhor, temos que repensar. Máquinas não fazem o mais importante: pensar, sentir e criar.
Nos últimos anos, algumas dessas habilidades mais ligadas à inteligência emocional e flexibilidade cognitiva já começaram a se tornar prioridades, de acordo com o Fórum Econômico Mundial.
Surgiu também a exigência de novas habilidades e também de novas demandas de trabalho. O emprego deve se tornar mais acessível, mais flexível e mais libertador nas próximas décadas. Passa a existir o trabalho sem vínculo, sem horário, onde você decide quantas horas quer aplicar e receber por isto.
Se para o futuro do trabalho é importante ter a inteligência emocional, saber empreender, e trabalhar bem em equipe, isso exige também uma mudança na educação. Afinal, como mostra o Fórum Econômico Mundial, a maioria das crianças que está começando na escola hoje vai ter um trabalho que ainda nem existe. E para isso, ela precisa ser preparada de uma outra maneira. Não só a educação de quem está chegando ao mercado de trabalho, mas a educação de quem já está nele. Quantas vezes você parou para investir no seu autoconhecimento? Em aprimorar seus relacionamentos, em entender seu propósito?
4 – Os desafios da gestão de pessoas
Assim como é necessária uma adaptação na educação, todas estas rupturas exigem mudanças dos diversos atores existentes em nossa sociedade:
Governos – incentivo para startups, criação de condições físicas, redes wifi públicas, barateamento de tecnologias, agências governamentais, pesquisa, investimento em educação, políticas de privacidade e ética.
Empresas – investir, formar, adaptar, ter abertura ao novo, pesquisar, estar atenta às questões éticas.
Cidadãos – aprender, utilizar, replicar, ter abertura, se adaptar.
Existem vários atores que precisam liderar este novo mundo – governos, empresas, cidadãos – e um dos papéis do RH é ajudar a conectar estes atores. É preciso conectar estes atores e levantar questões associadas a esta nova realidade, como por exemplo, como este novo modelo de economia será capaz de sustentar dignamente os trabalhadores da economia Gig, os chamados freelancers. Hoje, nos Estados Unidos, por exemplo, 47% dos trabalhadores já estão na economia Gig. No Brasil, mais de 40% produzem sem ter um contrato CLT. Como ficam então as aposentadorias, os impostos, e as pessoas que não entram nesta nova economia?
É preciso repensar a Gestão de Pessoas e mostrar que forças disruptivas impõem escolhas. Você pode escolher não fazer nada, tentar entender, ou criar novas formas de atuar.
Para isso, é preciso ter alguns norteadores importantes:
– Quais os principais desafios da sua organização?
– Quais as ameaças e oportunidades?
– Que mudanças devem acontecer e o que você pode fazer?
– O que você faz hoje e que vem fazendo a muito tempo e pode ser repensado?
Em vez de brigar, abraçar o novo, esteja aberto ao que a tecnologia pode lhe oferecer e busque alternativas.
As Tendências de RH para 2019 como people analytics, employer branding, transformação digital, flexibilização no trabalho, diversidade e inclusão, entre outras, mostram que isto é o novo em Gestão de Pessoas, e é isso que devemos abraçar, focar.
O RH precisa estar atento e refletir: Como estou trazendo e como eu posso ser um líder contribuindo para essa transformação digital? A digitalização não vai substituir o homem, não é isso. A transformação digital vem para utilizarmos o melhor do profissional, deixando as tarefas repetitivas para serem feitas de forma automatizada. A área de recursos humanos deve ser uma facilitadora da construção da transformação digital dentro da organização.
Um dos grandes desafios da área de RH é preparar líderes para o pensamento digital. Precisamos mais do que nunca de uma forma de liderança capaz de inspirar, apoiar e direcionar as equipes de trabalho para esta nova economia. Promover abertura para a diversidade plena, pois não há inovação sem diversidade.
As pessoas estão escolhendo trabalhar de forma independente, com flexibilidade, de onde querem, quando querem. Aprenda a tirar vantagem disto. Escolha uma área para iniciar, busque pessoas que se interessam voluntariamente, pesquise e faça benchmarking, há muitas empresas que já estão avançadas e podem ser fonte de referência. Há hoje o conceito de benchmarking diverso, ou seja, buscar inspiração em negócios diferentes do seu. O concorrente da calça jeans muitas vezes não é outra roupa, mas um celular, por exemplo, já que os recursos são escassos. Isto chama-se economia de atenção. Qual seu verdadeiro concorrente?
Em meio a tanta tecnologia não podemos deixar de nos perguntar: quem vai cuidar das pessoas? Somos ensinados a sermos os melhores profissionais, fazer mais com menos, sermos competitivos. Não ensinam a lidar com nossos sentimentos, com os sentimentos dos outros. Enquanto não desenvolvermos os skills internos, seremos competentes frustrados com uma vida medíocre e infeliz. Como eu lido com isto sem ficar: sobrecarregado, surtado, alucinado. Como dar conta?
Mais que um ser que pensa, o ser humano é um ser que sente, e tem uma dificuldade enorme de expressar, entender e elaborar estes sentimentos. Se não fico somente respondendo as demandas dos outros e não entendo e nem sei quais as minhas demandas. É preciso que a Gestão de Pessoas fique atenta a esses profissionais e ajude eles a transpor esse caminho, porque acima de tudo, o profissional do futuro é o ser humano do futuro. Quem vai ter vantagem no futuro é aquele que resgatar o que temos de mais humanos em nós e, principalmente, que estiver sempre aberto para aprender, desaprender e reaprender.
Você já está preparando para esse futuro do trabalho? Deixe seu comentário e compartilhe sua experiência!
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